Amor na Internet ? Será possivel ? Historias, fatos, dicas e muito mais... quem sabe agora a gente finalmente descubra se ELE está online...
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Primeiro encontro....
Minhas amigas me cobraram : " Cadê as dicas ? Você não disse que ia dar dicas e palpites para todo mundo arrumar namorado ? "
Calma gente ! Dica eu posso dar, mas milagre ainda não consigo fazer...
Brincadeiras à parte, a verdade é que as vezes o mundo virtual é muito mais simples que o mundo real, aliás quase sempre é bem mais simples. Mas digamos que você teve a sorte de encontrar seu príncipe online e agora vai marcar o primeiro encontro e espera que seja o primeiro de uma série de muitos e muitos até que chegue o "felizes para sempre" ao som de musica romântica e os créditos rolando...
Pois bem, tem coisas que podem e devem, por favor, serem evitadas, e aqui vão algumas...
- Rodizio de Pizza ou outro lugar em que a comida ande mais rápido que a velocidade da conversa, e você passa mais tempo com o garçom do que com o namorado não é o ideal.
- Melhor amiga é tudo de bom, mas num encontro a gente não leva...
- Controle a astróloga/taróloga/leitora de mão que existe dentro de você... Não pergunte o signo ascendente dele, e nem explique muito sobre o quanto Peixes e Aquário são compatíveis...
- Se estiver gripada, ou com virose, ou dor de barriga, não tenha dúvidas, adie ! Não vai passar a noite tossindo no rapaz ou indo de dez em dez minutos ao banheiro, né ?
- Karaokê, se isso ainda existe e nem tenho certeza, mas seja lá que tipo de manifestação musical medonha do gênero ainda role por aí e se você canta apenas como a maioria dos mortais, evite...
- Desligue o som do celular, não fique teclando ou sapeando o Face, não fique no virtual com outros, fique no real com esse que está bem na sua frente !
- Vista-se de forma apropriada, moletom é pra academia, excesso de maquiagem e peruagem é pra drag queen.
- Não fale do Ex e nem pergunte da Ex dele, o encontro à dois corre o risco de virar uma orgia de lamentações.
- Sabe aquela coisa de "politica e religião não se discute", pois é, deveria ter descoberto que ele era testemunha de Jeová antes do encontro já que você é espirita Kardecista, agora é meio tarde pra isso...
- Não traga suas neuroses com você, tipo, "trouxe meu suco de cramberry porque nunca tem em lugar nenhum", sim, nunca tem, mas dá prá beber outra coisa de vez em quando ou vai ser sempre a "moça do suco" ?
- Por favor, não fique bêbada...
Essas onze dicas, eram dez mas dei uma de brinde, enfim essas onze dicas são básicas, e não pensem que "ah, qual é, ninguém faz isso !", não pensem não, por que tem gente que faz sim...
Mas quer saber, tem gente que faz TODAS as onze e mesmo assim permanece junto e feliz, pois é, sabe lá as razões do coração ?
obs- foto do Google Image Bank
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
O cladagh
Quem lembra da minha amiga Elaine, aquela que namorou o Kiko Peruquento, tocador de violoncelo e chato de primeira linha ? Lembraram ? Pois é... Elaine, que foi a primeira a me contar sobre suas aventuras online e mesmo depois de sua "desventura" com o tal rapaz da sopa de Misso, não desistiu de correr atrás dos seus sonhos.
Elaine quando se viu sozinha, sem o Kiko e sem o Misso, deu a volta por cima, sacudiu a poeira e resolveu usar o termo "se joga" como mantra, lema e bordão...
E assim sendo, Elaine "se jogou" com fé, e como dizem, "a fé não costuma falhar", e resolveu MUDAR !!! Mas não é mudar, é MUDAR !!!! Veja, não é um mudar em letras miudinhas, tímidas, é MUDAR !!!!
Tá, Elaine é médio caretinha mesmo, o MUDAR !!!! dela não incluía nada muito radical, era uma revolução discreta, mas para ela não... para ela era um grito de liberdade, um chamado selvagem, uma rebelião !
Elaine sentou, e revisou seus sonhos, e resolveu que iria realizar todos eles, tipo lista de super mercado, iria "ticando" um após o outro até conseguir tudo, tudinho... Parece meio tolo, mas minha amiga sonhava em falar inglês. Falar mesmo, tipo, entender os filmes sem ler as legendas, entender a letra da música que estava ouvindo, conversar com turistas que pedissem uma informação...
Sim, eu também fiz essa cara de paisagem quando ela me disse essa justificativa, até, questionei, mas Elaine disse "que com a Copa do Mundo vindo aí, o Rio iria pulular de gatos internacionais e vai que, numa dessas, vai que te aparece um príncipe ? E aí ? O que você faz ? Fica roxa de vergonha e responde que the book in on the table e se manda ? Nananinãnã, melhor poder indicar lugares, ser simpática, descolada, quase uma guia turística, e não perder o bonitão..."
OK, Elaine, estou convencida...
www.talkingworld.com
Aulas online ? Sim, era a solução para Elaine, que queria realizar seus sonhos mas não podia largar o emprego... O site era muito legal, lá a pessoa se cadastrava e conversava com pessoas do mundo todo, veja, se você fala português e quer aprender digamos... javanês, e se nesse Universo existe algum ser vivo que fale javanês e queira aprender português, vocês começam a bater papo, e nesse modo descontraído, algum javanês começa a criar raízes e aos poucos se espalha e quando você se dá conta, já está falando javanês ! Bem, é meio assim, a sorte de Elaine é que ela não queria aprender javanês, e melhor, realmente tem um monte de gente querendo aprender português... um montinho, alguns, digo, mas tem...
E tinha um.... especial... Pois é não era bem um príncipe, mas tinha lá seus predicados, e sim, era simpático, engraçado, irlandês, ruivo e sardento, mas muito, muito simpático.
Falante e comunicativo, risonho... Tudo que Elaine precisava para falar inglês pelos cotovelos.
Daí que me deparo com minha amiga, que eu não via já há uns bons seis meses, e levo aquele susto ! Eu aqui dizendo que a moça era médio caretinha, comedida, entro na lojinha de produtos naturais que frequento, apesar de carnívora assumida eu me cuido e não como glúten nem no biscoito, mas deixa pra lá, entro e dou de cara com uma Elaine tão...tão... diferente da habitual, a mulher normal, 30 e poucos anos, deu lugar à uma deusa... Sim, você me ouviu dizer de-u-sa... Tá boa ? Que é isso ?
Os cabelos longos, negros, cascateavam pelos ombros de Elaine, sua postura mudou, seu corpo estava mais bonito, os olhos brilhavam, os dentes estavam mais brancos, Jeeee-sus, a mulher parecia saída das páginas de "Crepusculo", sabe ? Aquele treco de vampiro ? Pois e, a Elaine simplinha tava sobrenatural, parecia uma mistura de séries de TV, aquela que tem um anão medieval com a outra que tem uns lobisomens, ah, nem me pergunta os nomes, mas você com certeza sabe do que eu estou falando...
Meu queixo caiu, e Elaine caiu também, caiu na risada diante do meu espanto.... E dessa vez, amigos, pasmem, dessa vez eu pedí "conta"... E ela contou...
Contou da lista de sonhos, do curso de inglês, do namorado irlandês, e enveredou pela cultura céltica, virou wicca ( religião pagã que acredita numa Deusa como força criadora do Universo, mais ou menos isso), e amigos, "se jogou" de corpo e alma... O irlandês que deu inicio ao processo já está de passagem comprada e chega antes do Natal, eles vão celebrar um tal de Yule, que segundo ela me disse é uma festa que se comemora no inicio do inverno (inverno no hemisfério norte, sejamos claros...) nesse tal de Yule disse Elaine, é tempo de reencontrarmos nossas esperanças e nos libertarmos de coisas velhas e desgastadas, é hora de renascer como a criança que existe dentro de nós...
Sabe, gostei desse Yule, e acho que parece exatamente com nosso Natal, ou com o que deveria ser o nosso Natal, sem tantos presentes mas mais espiritual... Talvez ser bruxa não seja assim tão ruim afinal, pelo menos para Elaine deu bem certo, a mulher está poderosa no melhor sentido da palavra... Foi quando notei o anel que ela estava usando, um anel no qual duas mão seguravam um coração coroado, que lindo !
Ela me disse :"é um claddagh, foi o Jerry quem me deu", e um sorriso brilhou nos olhos dela, e para quem ainda não caiu na real, Jerry é o irlandês, que mandou por Sedex, Fedex ou similar o anel reluzente e com nome esquisito...
Me disse Elaine, que junto com o anel, um bilhete com uma única frase :
"With my hands I give you my heart, and crown it with my love"
Ah, o amor... seja em que língua, religião ou cultura... ah, é o amor ! E é lindo...
Que o Yule de Elaine seja perfeito... e que possamos todos um dia, unzinho só ao menos que seja, reencontrarmos nossas esperanças e sermos crianças de novo.
Para quem não sabe, a frase acima significa "Com minhas mãos eu te dou meu coração, coroado pelo meu amor". Gostou ? Eu amei...
obs- a imagem acima pertence à http://www.ardruadesign.com
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Complicada e perfeitinha...
Meu amigo Augusto, aquele que namorou uma gaúcha com síndrome de Cinderela/Wando, tipo, some e deixa para trás duas calcinhas, encontrou comigo por acaso, estávamos ambos tomando um suco de clorofila, preocupados que somos com nossas impecáveis cútis, e depois de duas beijocas, sentamos para conversar, ele estava com aparência de quem fugiu do inferno e eu sou curiosa, isso é uma combinação e tanto numa tarde quente e preguiçosa.
Guga (Augusto, que eu chamo de Sr. Tic-tac, mas isso fica para outra hora), estava em estado de alivio pós-choque, aquela reação que nos acomete quando após um grande acidente percebemos que saímos ilesos pela graça Divina e sua manifestação angélica.
Pelos sites da internet Guga conheceu uma moça cujo nick era Medusa... hummm,... sei não, mas eu corria, Medusa ? Pelas barbas de Zeus, Medusa não pode ser coisa boa, mas... Deixa pra lá... Medusa tinha belas fotos e um perfil muito bem escrito e um bom currículo.
Moça de boa família, excelente formação acadêmica, profissional bem sucedida, malhadora de carteira... É, Medusa, parecia perfeita.
Do virtual para o real foi tudo rápido e indolor, e daí as cobrinhas na cabeça da deidade grega começaram a se manifestar, evidentemente dentro do miolo da moça...
De principio, Guga nem notou, mas era meio desconfortável o quanto ela sabia de tudo, de tudo mesmo... De biologia à mecânica de helicópteros, de culinária à programação delphi, de tudo Medusa era uma expert... Sabichona de primeira linha, não perdia uma discussão, argumentação ou papo furado, e vá lá, inteligencia é super atraente mas o chato é que quando alguém retrucava, a criatura mitologica pegava o Santo Google e provava que estava certa, certíssima, mais do que certa, e quase fazia uma dancinha da vitória para humilhar o vencido.
Daí as coisas começaram a virar pedra, bem, estou sendo literal. Pedra mesmo... Assim como a cabeça-de- minhoca do Olimpo transformava em pedra os incautos que topavam com ela, a nossa Medusa aqui, queria desesperadamente uma boa "pedra" no dedo anelar, traduzindo, um bom anel de compromisso, e quando digo bom, digo diamante, corte princesa, branco puro, montado em platina, dois kilates... Ai, sinto muito Guga, mas o gosto dela pelo menos é impecável nesse aspecto, o problema é que depois de quatro meses de namoro, é meio cedo, né ?
Meu amigo resolveu aos poucos ir tirando o time de campo, a moça tava ficando muito chata, muito mandona, sabichona, prepotente. batia o salto do sapatinho e suspirava, revirava os olhos e dizia : " Augusto, entenda, eu mereço o melhor, porque sou a melhor opção na vida de qualquer homem, entenda que você devia subir as escadarias do Trono de Fátima de joelhos pra agradecer por eu ter aceitado estar com você, então me trate bem, entendeu ? Me trate muito bem !"
Viche ! Que medo ! Eu corria... aliás, sem surpresas... Medusa, humpf....
Guga entrou naquele modo masculino que precede o "break up" que é quase um truque de mágica, o homem começa a desaparecer lentamente e bem diante dos seus olhos....e Medusa, QI 160, óbvio que percebeu...e senhoras e senhores, percebeu e pirou na batata frita !
Deu pra telefonar dez vezes por dia pro trabalho do meu amigo, já que o celular ele não atendia, checava o Facebook, mandava torpedos o dia inteiro, vigiava a rua, a casa da mãe de Augusto, rodava de carro pela cidade com a fixação Hei de Encontrar ecoando em sua cabecinha doida, as cobrinhas cuspindo marimbondos...
Lógico que não encontrou, Guga se exilou em Muriqui na casa de uma prima casada e mãe de cinco garotos adolescentes todos em guerra com a mãe e o mundo, um prazer de estadia...
Medusa por fim se acalmou, a fúria titânica foi substituída pelo desprezo divino, e ela já arrumou outra vitima, outro homem que deve estar na fase ainda de encantamento pelo fato de ter encontrado "a mulher perfeita"...
Não esqueçam de espiar meu ebook, "Petropolitanas" na amazon.com.br ... Super vale à pena, conselho de amiga...
obs - a imagem pertence a http://visionsofwhimsy.blogspot.com.br
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Simbióticos....
Dizia Platão sobre a existência de uma criatura muito interessante, não devia ser bonito, creio eu, mas era funcional... Esses míticos seres, chamados Andróginos, tinham num só corpo duas almas, dois corações, dois de tudo, tipo xipofagos, sabe ? Podiam ser um casal ou uma dupla, e como duas cabeças pensam melhor do uma (nem sempre, amigo Platão...), eram muito fortes e orgulhosos, e deu-se que tanto perturbaram os deuses, que os moradores do Olimpo mandaram um belo raio e separaram os bichos ao meio... Tadinhos, ficaram perdidos, igual um ceguinho na passeata apimentada do Centro do Rio...
Enfim, eis o motivo de andarmos sempre em busca da nossa outra "metade", pois só assim seremos novamente fortes, orgulhosos e completos...
Relacionamento simbiótico é isso, as criaturas não conseguem mais fazer nem uma titica sem estar com o outro presente... E você vai me dizer, "ah mas isso é lindo ! isso é amor !", e eu no meu cepticismo te respondo, "ah, tá..."
Bem, comecei dizendo isso porque tentei marcar um almoço com amigas, liguei para Paloma que continua "firme" e "forte" com seu lindão que tem por lema que um tapinha não dói se vier da mulher amada, e perguntei se ela topava almoçar e chamar a Regininha, que da ultima vez que encontrei estava triste e sorumbática cheirando um cigarro depois da partida de Pierre. Minha exuberante e sem papas-na-língua amiga foi logo avisando : "nem tenta, nem tenta chamar a Regina, a criatura está um porre desde que arrumou esse namorado mauricinho".
Regininha está namorando ??? Eu não sabia, mas achei ótimo ! A mulher estava um caco, quem sabe agora tenha melhorado...
Telefono para Regininha, e depois das formalidades, pergunto se podemos almoçar, e ela "vou perguntar ao Rodolfo", eu digo, tudo bem, mas seria aquele almocinho só para amigas, Rodolfo não está exatamente convidado, mas ela parece que não me entendeu, e repete "vou perguntar ao Rodolfo", e eu, que com o tempo aprendi que insistência é caminho pedregoso, desvio e peço, "Regininha me conta do Rodolfo..."
Essa palavrinha "conta", de tantos significados, quando usada no sentido de "falar sobre" parece ter poderes de cura e magia, e assim, senhoras e senhores, eu vos introduzo, Rodolfo...
Rodolfo, que botou perfil na internet baseado num sistema de equação quantitativa, professor de física e matemática, campeão das estatísticas, rei da fita métrica, e quase um CSI-paranormal-mentalista, imperador da lógica e da racionalidade, sócio (fictício, logico) da Apple, colecionador de Iphones, Ipads, Ipods, deus das agendas e compromissos com hora marcada... E eu me pergunto, depois de Pierre como vai a Regina cair por esse cavalheiro ? Sim, Pierre nem relógio tinha, e Regininha quase sucumbiu quando o francês se defenestrou da casa dela, hummm... Talvez tenha sido exatamente por isso que Regina gostou tanto do "Finho", apelido do atual, Rodolfo, Rodolfinho, Finho...
Jesus alguém me traz um sal de frutas ? Não, não que eu não seja romântica e docinha, mas Finho é muito cafona, e cafonice me faz mal ao estomago e me faz enjoar...
Pois bem, Finho e Ninha (RegiNINHA), estavam absolutamente "in love", não se largavam, já praticamente morando sob o mesmo teto, e vivendo uma relação que funcionava como um relógio, literalmente, e nem era qualquer relógio, era um Omega do bom, confiável, previsível, e segura, muito segura.
Regina me disse, "vou perguntar ao Rodolfo" não porque ele podia ter outros planos, já que ele almoça todos os dias no trabalho, mas sim porque já tinha virado costume não fazer nada sem perguntar ao Rodolfo, "corto o cabelo ? compro patê ? levo casaco ?" e por aí vai...
Bem Paloma disse que Regina (Ninha) estava um saco, pois é... Estava mesmo...
Sabe, a felicidade é linda, o amor ainda mais, mas a individualidade também não atrapalha. Quem sou eu para dar conselhos ? Mas sei que eu não gostaria de basear todas as minhas decisões e tirar todas as minhas duvidas com UMA outra pessoa, nem que fosse Gandhi encarnado. Eu quero minhas duvidas, minhas surpresas, meus desafios, e sim, quero alguém pra dividir, mas não a informação da cor da minha tintura de cabelo ou pedir permissão para levar meu cachorro passear... Menos ainda depender do SIM e do NÃO de um parceiro que está na minha vida para me fazer feliz e não para me tornar uma dependente química...
Isso, esse é o problema com as simbioses, a dependência... Na escola aprendemos que indivíduos numa relação simbiótica fazem bem um ao outro, e não sou eu que vou dizer que é mentira, fazem bem sim, mas toda droga no começo faz bem, da euforia, etc e tal, e depois te torna numa criatura medrosinha que não faz nem xixi se for incomodar o "Finho" ou a "Ninha"...
Já sei que muita gente vai discordar, e já sei que muita gente vai entender, mas tem quem goste de queijo, que goste de goiabada e quem goste de queijo com goiabada, e assim eu explico o que para mim é um relacionamento, dois seres que são bons separados e podem ser bons juntos, mas sem se morfarem um no outro virando uma goiabadeijo...
Regina porém, está feliz, e ficará feliz enquanto Rodolfo estiver feliz, e amigos, isso me dá medo, muito medo... Que chupa-cabras, que zumbi, que nada ! Assustador mesmo é o lema "sem você não vivo, não vivo sem você"...
Ah, esquecí de dizer... meus livros : "Petropolitanas" (ebook) está disponivel na amazon.com.br e "Classificados" na multifoco.com.br... Gosta do blog ? Vai adorar os livros...
obs- a imagem acima pertence ao Google Imagebank
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Lancelot e Guinevere...
BEATRIZ
Beatriz
esperou Fred chegar até a uma e trinta da manhã.
Checou se o
telefone tinha linha pelo menos mil vezes.
Tentou
adivinhar o ruído do motor do carro entre as centenas de veículos que
circulavam pela rua General Osório.
O transito
foi minguando. Sexta-feira, 18 de Dezembro já havia acabado. Outro sábado
começara há pouco e Fred não chegou.
Ele tinha
ligado de tarde, lá pelas seis avisando que já chegava, vindo do Rio, onde
morava.
Beatriz
esperou, a TV ligada no programa de entrevistas que sempre assistiam quando
estavam juntos.O apresentador muito gordo e muito esperto sempre era mais
atraente que seus convidados.
Mais uma
vez ligou para o celular. Fora da área de cobertura ou desligado.
Como
estender a mão e desligar o interruptor de um namoro de nove meses? Como
apertar o gatilho e acabar com essa gestação, essa dor de esperar? De ver Fred
levando o celular até para o banheiro? De ter a plena certeza da existência de
outra mulher?
Regina.
O nome dela
era Regina. Até isto Beatriz já sabia.
Sabia
também o número do telefone, pois apesar de Fred tentar manter o celular
afastado, sempre há um momento, uma chance, uma centelha em que uma mulher
consegue obter aquela informação vital, o telefone da Outra.
Quem seria
a Outra afinal? Beatriz ou Regina? Quem era matriz, quem era filial?
Ligar para
aquele numero de telefone, daqui mesmo de Petrópolis, era terminar o namoro.
Abrir mão.
E se
estivesse enganada?
Beatriz
sabia que não estava, que não adiantava mais tentar esconder de si mesma,
Regina existia e Fred estava lá.
Ter outra
mulher na mesma cidade em que ela morava! Que coisa doida, porque não arrumava
uma no Rio? Será que ele tinha uma terceira no Rio?
Ah, Deus,
assim Bia ia entrando numa paranóia sem fim...
Bia e Fred se conheceram na internet, num site
de namoro. Engraçado, os apelidos de cada um eram perfeitos, ele Lancelot, ela
Guinevere, destino.
Só podia
ser destino.
Tinham
muitas coisas em comum, trocaram e-mails que aos poucos foram deixando de ser
apenas informativos, mostraram seus rostos em fotos escolhidas, mostraram seus
gostos por poesia, banho de chuva, bicicletas, tudo combinava.
Lancelot e
Guinevere.
Beatriz finalmente encontrara seu cavaleiro de
armadura brilhante
Brincavam
com metáforas, e mesmo antes de sequer ter ouvido a voz de Fred ao telefone,
Bia já estava apaixonada.
Logo cedo
ligava o computador, a espera da mensagem do dia.
Finalmente
trocaram telefones, e até da voz dele Bia gostou, voz de menino, de namorado
dos tempos do colégio, marcaram de se conhecer.
Bia já
havia perdido qualquer sombra de cautela, e o encontro seria ali mesmo no
apartamento pequeno e funcional.
Fred não
era nenhum estranho.
Lancelot
chegou, meio tímido, sentando na beirada do sofá. Os dois meio sem graça, ambos
gostando do que finalmente viam, porém ainda sem a intimidade que pensavam ter.
Ele pediu
um abraço.
O braço
forte de Fred por trás de sua cintura, os corpos muito juntos, o beijo foi
perfeito, a queda no abismo profundo, um mergulho em águas transparentes,
Lancelot Guinevere, Fred e Bia.
Perfeição.
Fizeram
amor no sofá, depois riram, brincaram, conversaram como velhos amigos, não foi
encontro, foi reencontro.
Fred
brincou “– Com você, eu corro o risco de me apaixonar...” Bia já não se possuía
mais, não havia riscos, a paixão já estava nela, tempo perdido tentar
questionar.
O namoro
começou ali, se falavam quase todos os dias, os e-mails perderam a razão de
existir.
Bia
escutava Fred com muita atenção, encantada por sua vivência. Apesar da pouca
diferença de idade, ele tinha vivido tão mais do que ela. Fred já tinha sido de
tudo um pouco na vida, meio nômade, meio agricultor, viveu na cidade e no
campo, sozinho ou acompanhado, experimentou muitas coisas e pôde escolher o que
de melhor. Já meditara na floresta por quase um ano, monástico, a barba
crescida, afastado do convívio humano em busca do autoconhecimento, de uma filosofia holística. Soubera das
origens do mundo, recebera informações interplanetárias, mas nada disso o
transformara num fanático, não... Tinha um jeito de moleque, e o sorriso
fazia franzir os olhos cor de mel esverdeado, e também o modo ora
selvagem ora carinhoso de fazer amor.
Amor de
bicho, romance em francês.
Perfeição.
Fred era
tudo o que Bia sonhara.
Ela jamais
tinha dormido num sleeping bag, não acampara nem na sala da casa dos pais,
nunca tinha viajado de carona, namorara um pouco, mas ninguém como Fred, e esse
homem tão fantástico dizia que depois de tanta estrada finalmente encontrara a
mulher de sua vida.
Bia era ciumenta,
afinal, como se crer merecedora desse tesouro? Mas Fred a acalmava, deixava
claro que depois de ter caminhado desertos, não precisava de mais ninguém para
ser feliz.
Como não
acreditar?
Os meses
passaram, a paixão não.
Porém os
indícios da existência velada de Regina foram se tornando cada vez mais óbvios,
até que a descoberta do número do telefone cimentou a dor no coração de Bia.
Foi preciso
uma garrafa de vinho branco para criar coragem e ligar.
Uma e
trinta da manhã, a voz alegre e desperta da mulher ao atender ao telefone foi
mudando de tom quando soube que a ligação era para Fred. Talvez no susto,
Regina foi chamar o companheiro para atender ao telefone, ao fundo a mesma
musica de encerramento do programa de entrevistas tocada pela banda que acompanhava
o gorducho apresentador. Alguns minutos depois, Regina retornou dizendo que não
havia Fred algum naquela casa, era engano com certeza.
Bia então
calmamente informou quem era, e há quanto tempo sabia sobre Regina, e há quanto
tempo convivia com Fred e de que espécie era o relacionamento dos dois. Ficou
pasma, porém ao saber que Regina o conhecera antes dela, também pela internet.
Ele Lancelot, ela, Regina, Morgana, nada
mais perfeito do que esta coincidência. Coisa do destino.
Regina
botou Fred porta a fora do apartamento.
Bia botou
Fred porta fora do seu coração.
Ás cinco da
manhã de um sábado chuvoso a campainha de Bia tocou, e um Fred furioso tentou
argumentar que tudo aquilo era uma grande loucura. Ele nunca estivera com Regina, que não
passava de uma amiga, mas que maldosamente tentara envenenar Bia contra ele.
O vinho e o
valium tornaram Bia extremamente calma.
Calma o
suficiente para sem sequer se levantar do sofá indicar que a mesma porta por
onde Fred entrara deveria ser o caminho para que ele saísse de sua vida.
A vida iria
continuar, mas no momento tudo o que Bia sentia era estar caindo de muito alto,
e pelo caminho da queda ia vendo em forma de quadros os momentos vividos com
seu Lancelot, e as histórias que ele lhe contara.
Escutava o
zumbido das abelhas que ele criou um dia, caindo mais e mais fundo, acompanhada
por seus sonhos que decompunham em cacos coloridos. Nem Guinevere, nem Bia,
agora era Alice na toca do Coelho, e adormeceu.
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